segunda-feira, 28 de março de 2011



Não é ser nostálgico ou literal, é abordar de um jeito diferente – a partir da interpretação.
Pensando como grupo, a gente aqui no BR tem estampas da Bahia, tem rendas do nordeste, tem couros do sul, flores e verdes e formas e arquitetura e música e balanço… 
toda uma brasilidade pra reinterpretar. Pensando individualmente, não tem aquele momento 
da infância ou aquela viagem (por exemplo) que deixou vontade de reviver momentos? 
O que a gente tava vestindo nessa hora? E o que as pessoas perto da gente tavam vestindo? 
E quais eram as cores desse momento? E quais as imagens da lembrança? 
Como estava o céu? Como era tudo?

sexta-feira, 18 de março de 2011

CRITICA DE MODA !!!!





Na moda como na vida, tem o original e tem a cópia. Nos casos mais óbvios, o alvo da cópia é a griffe, e não a peça em si. Por exemplo, as bolsas Louis-Vuitton made in China. Quem compra uma LV falsificada quer exibir o “sinalzinho” do tecido que caracteriza essa marca. O modelo em si pouco interessa… desde que tenha a marca estampada !!!!!!!!
Mas existe um outro tipo de cópia, bem mais sofisticado: é aquele que visa o desenho e/ou o conceito, adaptando-os com mais ou menos talento e comercializando-os sob uma nova marca. Na escala mais baixa é pirataria pura e simples, que pode ser feita desmontando uma peça e reproduzindo-a, por exemplo, com um tecido + barato. No nível mais elevado, a cópia vira inspiração. Sendo que a inspiração honesta revela a fonte.  Por isso é que os verdadeiros criadores de moda são tão raros, e com justiça tão aclamados. 
Mas de onde vem a inspiração dos inspiradores? Ah, como já dizia o poeta, “mundo, mundo, vasto mundo/ Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução”. Seja como for, a inspiração vem desse mundo humano tão complicado, feito de histórias, culturas, povos, corpos, desejos…
E agora chegamos ao ponto: assim como na vida e na moda, na crítica de moda também tem o original e a cópia! E copiar um texto vai desde o plágio puro e simples, que é reproduzir letra a letra sem dar o crédito, até um tipo de cópia mais sofisticada: a cópia do estilo!
Mas na crítica, assim como na moda, tem um terceiro jeito de copiar que é a citação barata: uma pitadinha de Dior aqui, um toque Chanel acolá… Como se o estilo não fosse algo único, exatamente porque feito de detalhes que se encaixam e completam com precisão! E assim a peça se torna um frankenstein de tendências. No texto de crítica de moda isso funciona assim: “identifique” na coleção “traços” de estilistas famosos. E claro, não se esqueça de aparecer nos desfiles de nariz empinado e vestindo com uma roupa extravagante para chamar a atenção! Pronto, você acaba de se tornar a mais nova… cri-crítica de moda! Que nenhuma pessoa inteligente levará a sério, claro.
Para concluir, citando a grande e insubstituível Diana Vreeland, convém não esquecer que “a roupa não leva a lugar nenhum. É a vida que você vive nela que leva”.

 Por: Pierre Mccoy         18 FEVEREIRO  2011

terça-feira, 15 de março de 2011

Pé no chão!

Dizem por aí (e eu acredito) que a necessidade é a mãe de todas as invenções. Sendo assim, com certeza o espinho no pé veio antes do sapato! Ou aliás, das sandálias, ao que parece os primeiros artefatos pisantes inventados ainda na pré-história. E uma vez resolvido o problema prático de preservar o pé das pedras, do gelo, dos estrepes e das areias escaldantes, o ser humano partiu pra fazer algo de que realmente gosta: se enfeitar!
Sim, leitor, o humano de todas as épocas é antes de tudo um fashion. E as escavações arqueológicas comprovam que o colar de conchinhas, garras e ossinhos surgiu junto com a pedra lascada destinada aos machados, flechas e outros instrumentos de caça. Afinal, vamos ao mamute, mas com elegância, por favor!
Agora tem uma coisa da qual eu não me conformo: como é que o Brasil, sendo um exportador de sapatos, não consegue produzir uma moda de calçados convincente? Com honrosas exceções, claro… que confirmam a regra! A queixa de que “no Brasil não dá pra comprar sapato” é uma constante entre fashionistas dos mais variados tipos.  E não deixa de ser uma ironia a sandália brasileira mais famosa do mundo ter por nome uma ilha do oceano Pacífico e, durante décadas, ter sido considerada “coisa de pobre”  – mas vendida a peso de ouro em euros e dólares. Aliás, outro dia, andando na Duque de Caxias, encontrei um grupo de turistas Argentinos tirando foto diante da vitrine dessa loja de sandálias… Pronto, sandália de dedo virou a nossa Torre Eiffel!
Mas os nossos designers de calcados não devem desanimar por tão pouco. Afinal, ainda há muito a ser inventado, e por pura necessidade. Por exemplo, qual é o sapato mais indicado para se “pisar em ovos”? E pra “pisar no tomate”? E pra “pisar na jaca”? Ah, esse eu sei: uma sandália de salto agulha, chiquetérrima! E em se tratando  de alguns expoentes da moda brasileira, como Ronaldo Ésper e Clodovil Hernandes( clo)    , seria providencial alguém pensar num modelo capaz de ajudá-los a tirar o pé da lama… Se é que isso é possível! Enquanto isso, vamos pisando firme rumo a….?

 Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certo que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!